5 de nov. de 2011

- O fim.





Laura foi embora o quanto antes possível, ela iria sair com o sua esposa, preparei tudo para a reunião e peguei o carro de Laura. Eu estava em uma estrada e em alta velocidade como era de costume, cerca de 130 km/hr até que uma moto me cortou pela direita em um fim de túnel movimentado, minha reação automática foi virar o volante para a esquerda, logo em seguida um caminhão veio em minha direção jogando meu carro em um barranco que havia bem perto, acho que girei umas duas vezes, a batida foi monstruosamente violenta, minha sorte é que estava com o cinto de segurança, mas mesmo assim bati a cabeça no volante com tal força que quando o carro finalmente parrou de rodar no ar e eu pude empacar com o carro virado de cabeça para baixo, ao tocar minha testa senti vertigem, havia cheiro de ferro e sangue em minhas mãos, eu simplesmente apaguei.
Não era que eu guardasse rancor de Fábio, ele sempre foi uma ótima pessoa, mas o que ele fez comigo não se faria nem com meu pior inimigo, ele me traiu, isso já é o suficiente para que eu não quisesse falar com ele, e o pior foi ele me procurar a um ano atrás para que eu fizesse o casamento dele com Valéria, mas na realidade eu fiz daquele casamento um dos melhores que eu já havia feito, me mostrei forte e não me arrependo foi o mais perfeito a se fazer e eu o fiz. Não demorou muito para Laura mandar eu me arrumar para o tal almoço, ao chegarmos lá um homem e duas mulheres nos esperavam sentados.
-O homem ali... – Disse eu apontando com o olhar, para Laura. – Parece não estar muito feliz com a presença de uma delas, a mulher mais nova esta ansiosa para se casar o quanto antes e a mulher do lado parece ser mais velha...
-Mãe dele, pelo modo que olha para a noiva.
-Parece não estar agradada com a “sortuda” que o filho arranjou.
Nós analisávamos sempre as pessoas que iriamos nos reunir antes de sentarmos a mesa.
Falamos com os três e nos sentamos.
-E ai senhor Carlos, o que deseja no seu Buffet?
-Na verdade que vai decidir isso vai ser minha... – Disse ele olhando para sua mãe e pai sua noiva, indeciso.
-Tudo bem, já entendi, podíamos entrar em um consenso?
-Eu não vou entrar em um consenso com ela! – Disse a mãe do rapaz.
-Mãe, querendo ou não eu vou me casar e você disse que não iria mais palpitar no meu casamento com Brenda. – Disse ele segurando a mão de sua noiva.
-Eu só queria ajudar meu anjo.
A noiva revirava os olhos.
-Ajudar? – Dizia Brenda ironizando e rindo – Não foi isso que você me disse sua...
-Gente, chega... Não vim aqui para uma discussão de família. – Eu disse.
-Eu vou ao toalhete. – Disse o Carlos.
-Desculpe Ingrid, é só que essa senhora, mãe meu futuro marido vem fazendo de tudo para que nós não darmos certo.
-Isso é uma calunia sua menininha nojenta. – Dizia a senhora se revelando cruel.
O almoço chegou à mesa.
-Nojenta? Você vai ver o que é ser nojenta.
Em menos de um minuto a senhora estava com macarrão e molho de tomate nos cabelos curtos e sua blusa que era branca manchada com partes vermelhas. A senhora a olhou fuzilando-a e como um ato de impulso pegou seu suco de abacaxi com hortelã e tacou na cara de Brenda, eu e Laura estávamos paralisadas, olhando elas se sujarem cada vez mais, o restaurante inteiro olhava em nossa direção, por um discuito Laura soltou um pequeno sorriso.
-Esta rindo de que sua velha acabada? – Disse a mãe do rapaz que estava vindo e olhando incrédulo o que estava acontecendo.
Em pouquíssimo tempo a senhora pegou um bolo que estava em um “carrinho” de sobremesas que infelizmente estava ao nosso lado, Laura estava com bolo de chocolate com chantilly em seu rosto e em sua blusa preferida.
-Que aversão, gente, por favor, pare. – Eu dizia e logo em seguida tornei-me o alvo, um molho estranho estava em meu cabelo e escorria por dentro da minha blusa verde clara. – Por mim já chega. – Eu dizia gritando. - Venha Laura. E o senhor... – Eu disse olhando e apontando dentro da face dele - Leve essas loucas para um psicólogo e melhor procure outra empresa de matrimônios, para mim já foi o suficiente, se é assim a reunião imagine no dia “especial”.
Eu e Laura saímos andando e deixamos os três discutindo por lá, fomos ao banheiro e demos um jeito em nosso estado, chamamos um taxi que nos levaria para minha casa, lá nos arrumamos o quanto antes, mas Laura se foi antes de mim, pois tive que pedir para o Fábio vir até mim, para conversarmos, não demorou mais de meia hora e ele já estava tocando a campainha.
-Entra. –Disse eu ao abrir a porta e vê-lo com um olhar que dizia que ele não estava muito bem.
Ao entrar ele ficou de pé me encarando como se quisesse que eu o abraçasse ou algo do tipo, eu o olhava fixamente.
-E então? Estamos aqui, o que você quer Fábio? – Disse eu sem 
paciência.
-Desculpe pelo incomodo Ingrid, mas eu precisava te ver, não sei o porquê, mas sei lá, hoje eu acordei com esse proposito e não entendi ainda o motivo, mas aqui estou eu.
 -Então... Diga.
-Eu só vim me desculpar, por tudo, desculpe pelo que fiz com você, sei que nunca fui o que você realmente mereceu, eu queria poder continuar como éramos antes de termos alguma coisa, apenas ficarmos verdadeiros amigos. – Disse ele em um tom melancólico.
 Eu apenas não consegui falar nada e simplesmente desmoronei em lágrimas, ele me abraçava e dizia palavras de carinho e ternura. Naquela ocasião eu tive a veracidade de que eu realmente o perdoava e foi naquele exato momento em que todas as magoas e tristezas simplesmente se apagaram.
-Eu amo você. – Disse ele me olhando nos olhos.
-E eu te amo, muito. – Eu disse encarando-o.
-Nunca saia de perto de mim viu? Eu preciso de uma amiga como você ao meu lado. – Confessou ele.
-Eu prometo só se...
-Se...
-Você prometer cuidar de Luciana, se acontecer alguma coisa comigo.
-Pare de falar besteiras... – Eu o interrompi.
-Fique quieto, só prometa.
-Eu prometo.
-E eu também, jamais vou deixar você.
-Amém.
-Bom... –Disse eu secando as lágrimas que estavam em meu rosto. – Eu agora tenho que ir, tenho uma reunião daqui a duas horas e Laura esta me esperando no escritório.
-Tudo bem, eu te levo no escritório.
-Obrigada, só me deixe pegar minha pasta.
Ao chegarmos ao escritório fomos nos despedir.
-Obrigada por hoje Fábio.
-Eu que tenho que te agradecer, obrigado por me perdoar.
-Eu já tinha feito isso há muito tempo, só que apenas compreendi isso hoje.  – Declarei
Após nos despedirmos com um longo abraço, subi e fui falar com Laura que me esperava ansiosamente.
-E ai? – Disse ela curiosa.
-Estamos bem novamente.
-Eu sabia que um dia vocês estariam como antes.
-Até que enfim, como antes. – Pensei alto.
-Ingrid, você pode ficar com o meu carro por hoje, para a reunião.
-Mas você não vai precisar dele para ir embora não?
-Não, o Marcio vira me buscar.
-Ah sim, se for assim, tudo bem, obrigada.
-Que nada Ingrid.

Eu estava em uma colina, estonteantemente verde, fazia sol, um céu de um azul translucido, e havia uma pessoa com cabelos nos ombros ao longe, embaixo e uma arvore, parecia ser uma macieira com muitos frutos. Fui chegando cada vez mais perto, era um homem, ele vestia uma blusa azul clara e calça de cor branca e estranhamente estava descalço.
Ele se virou e com um lindo sorriso abriu os braços para mim, como se me chamasse, eu fui.
-Eu não estou entendendo, o senhor seria?
-Não é para entender minha filha. Eu sou o que você jamais imaginou um dia conhecer.
-O senhor parece ser mais novo que eu, como eu poderia ser sua filha? - Disse eu ironizando – E você seria quem, Jesus?
-Não é necessário que eu seja mais ovo ou mais velho, eu posso ser a forma que for necessária ser, em cada momento,  e na verdade muitas pessoas preferem me chamar de pai ou Deus, há outras línguas também.
-Mas como isso é possível? – Eu falei soletrando cada palavra lentamente. – Eu... Morri?
-Ainda não minha filha, mas esta quase em sua hora, infelizmente.
-Como assim? Eu não posso simplesmente abandonar minha filha.
-Aquiete-se menina, tudo dará certo, é só você fazer como sempre fez em todos esses anos, tenha fé e acredite em mim, em seu salvador.
-Eu sei, mas meu Deus, como eu posso abandonar a Luciana?
-Você não ira abandonar, ela conseguira superar tudo, tenho certeza, acredite em mim. – Disse ele estendendo a mão para mim, eu a segurei e tudo ficou branco, como se eu olhasse para o sol durante muito tempo. 

Continuação em: Perda

4 comentários:

Anônimo disse...

SEGUINDO SEU BLOG, SIGA O MEU LA DESDE JA AGRADEÇO

http://playcomputadores.blogspot.com/

Kleberson Marcondes disse...

Mas poxa vida, que texto empolgante e lindo.
Gostei do Blog e do jeito que escreve. Poetisa dos eloquentes. (:

- Mariiane Alfradique disse...

Obrigada e volte sempre que puder ! :))

Arthur Martins disse...

Belo texto, super lindo. Parabéns, continue escrevendo coisas tão simples e belas como essa. Beijos. http://metapopcristo.blogspot.com/

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Obrigada pelo comentário :))