Laura
foi embora o quanto antes possível, ela iria sair com o sua esposa, preparei
tudo para a reunião e peguei o carro de Laura. Eu estava em uma estrada e em
alta velocidade como era de costume, cerca de 130 km/hr até que uma moto me cortou
pela direita em um fim de túnel movimentado, minha reação automática foi virar
o volante para a esquerda, logo em seguida um caminhão veio em minha direção
jogando meu carro em um barranco que havia bem perto, acho que girei umas duas
vezes, a batida foi monstruosamente violenta, minha sorte é que estava com o
cinto de segurança, mas mesmo assim bati a cabeça no volante com tal força que
quando o carro finalmente parrou de rodar no ar e eu pude empacar com o carro
virado de cabeça para baixo, ao tocar minha testa senti vertigem, havia cheiro
de ferro e sangue em minhas mãos, eu simplesmente apaguei.
Não
era que eu guardasse rancor de Fábio, ele sempre foi uma ótima pessoa, mas o
que ele fez comigo não se faria nem com meu pior inimigo, ele me traiu, isso já
é o suficiente para que eu não quisesse falar com ele, e o pior foi ele me
procurar a um ano atrás para que eu fizesse o casamento dele com Valéria, mas
na realidade eu fiz daquele casamento um dos melhores que eu já havia feito, me
mostrei forte e não me arrependo foi o mais perfeito a se fazer e eu o fiz. Não
demorou muito para Laura mandar eu me arrumar para o tal almoço, ao chegarmos
lá um homem e duas mulheres nos esperavam sentados.
-O
homem ali... – Disse eu apontando com o olhar, para Laura. – Parece não estar
muito feliz com a presença de uma delas, a mulher mais nova esta ansiosa para
se casar o quanto antes e a mulher do lado parece ser mais velha...
-Mãe
dele, pelo modo que olha para a noiva.
-Parece
não estar agradada com a “sortuda” que o filho arranjou.
Nós
analisávamos sempre as pessoas que iriamos nos reunir antes de sentarmos a
mesa.
Falamos
com os três e nos sentamos.
-E
ai senhor Carlos, o que deseja no seu Buffet?
-Na
verdade que vai decidir isso vai ser minha... – Disse ele olhando para sua mãe
e pai sua noiva, indeciso.
-Tudo
bem, já entendi, podíamos entrar em um consenso?
-Eu
não vou entrar em um consenso com ela! – Disse a mãe do rapaz.
-Mãe,
querendo ou não eu vou me casar e você disse que não iria mais palpitar no meu
casamento com Brenda. – Disse ele segurando a mão de sua noiva.
-Eu
só queria ajudar meu anjo.
A
noiva revirava os olhos.
-Ajudar?
– Dizia Brenda ironizando e rindo – Não foi isso que você me disse sua...
-Gente,
chega... Não vim aqui para uma discussão de família. – Eu disse.
-Eu
vou ao toalhete. – Disse o Carlos.
-Desculpe
Ingrid, é só que essa senhora, mãe meu futuro marido vem fazendo de tudo para que nós não darmos certo.
-Isso
é uma calunia sua menininha nojenta. – Dizia a senhora se revelando cruel.
O
almoço chegou à mesa.
-Nojenta?
Você vai ver o que é ser nojenta.
Em
menos de um minuto a senhora estava com macarrão e molho de tomate nos cabelos
curtos e sua blusa que era branca manchada com partes vermelhas. A senhora a
olhou fuzilando-a e como um ato de impulso pegou seu suco de abacaxi com
hortelã e tacou na cara de Brenda, eu e Laura estávamos paralisadas, olhando
elas se sujarem cada vez mais, o restaurante inteiro olhava em nossa direção,
por um discuito Laura soltou um pequeno sorriso.
-Esta
rindo de que sua velha acabada? – Disse a mãe do rapaz que estava vindo e
olhando incrédulo o que estava acontecendo.
Em
pouquíssimo tempo a senhora pegou um bolo que estava em um “carrinho” de
sobremesas que infelizmente estava ao nosso lado, Laura estava com bolo de
chocolate com chantilly em seu rosto e em sua blusa preferida.
-Que
aversão, gente, por favor, pare. – Eu dizia e logo em seguida tornei-me o alvo,
um molho estranho estava em meu cabelo e escorria por dentro da minha blusa
verde clara. – Por mim já chega. – Eu dizia gritando. - Venha Laura. E o
senhor... – Eu disse olhando e apontando dentro da face dele - Leve essas
loucas para um psicólogo e melhor procure outra empresa de matrimônios, para
mim já foi o suficiente, se é assim a reunião imagine no dia “especial”.
Eu
e Laura saímos andando e deixamos os três discutindo por lá, fomos ao banheiro
e demos um jeito em nosso estado, chamamos um taxi que nos levaria para minha
casa, lá nos arrumamos o quanto antes, mas Laura se foi antes de mim, pois tive
que pedir para o Fábio vir até mim, para conversarmos, não demorou mais de meia
hora e ele já estava tocando a campainha.
-Entra.
–Disse eu ao abrir a porta e vê-lo com um olhar que dizia que ele não estava
muito bem.
Ao
entrar ele ficou de pé me encarando como se quisesse que eu o abraçasse ou algo
do tipo, eu o olhava fixamente.
-E
então? Estamos aqui, o que você quer Fábio? – Disse eu sem
paciência.
-Desculpe
pelo incomodo Ingrid, mas eu precisava te ver, não sei o porquê, mas sei lá,
hoje eu acordei com esse proposito e não entendi ainda o motivo, mas aqui estou
eu.
-Então... Diga.
-Eu
só vim me desculpar, por tudo, desculpe pelo que fiz com você, sei que nunca
fui o que você realmente mereceu, eu queria poder continuar como éramos antes
de termos alguma coisa, apenas ficarmos verdadeiros amigos. – Disse ele em um
tom melancólico.
Eu apenas não consegui falar nada e
simplesmente desmoronei em lágrimas, ele me abraçava e dizia palavras de
carinho e ternura. Naquela ocasião eu tive a veracidade de que eu realmente o
perdoava e foi naquele exato momento em que todas as magoas e tristezas
simplesmente se apagaram.
-Eu
amo você. – Disse ele me olhando nos olhos.
-E
eu te amo, muito. – Eu disse encarando-o.
-Nunca
saia de perto de mim viu? Eu preciso de uma amiga como você ao meu lado. –
Confessou ele.
-Eu
prometo só se...
-Se...
-Você prometer cuidar de Luciana, se acontecer alguma coisa comigo.
-Você prometer cuidar de Luciana, se acontecer alguma coisa comigo.
-Pare
de falar besteiras... – Eu o interrompi.
-Fique
quieto, só prometa.
-Eu
prometo.
-E
eu também, jamais vou deixar você.
-Amém.
-Bom...
–Disse eu secando as lágrimas que estavam em meu rosto. – Eu agora tenho que
ir, tenho uma reunião daqui a duas horas e Laura esta me esperando no
escritório.
-Tudo
bem, eu te levo no escritório.
-Obrigada,
só me deixe pegar minha pasta.
Ao
chegarmos ao escritório fomos nos despedir.
-Obrigada
por hoje Fábio.
-Eu
que tenho que te agradecer, obrigado por me perdoar.
-Eu
já tinha feito isso há muito tempo, só que apenas compreendi isso hoje. – Declarei
Após
nos despedirmos com um longo abraço, subi e fui falar com Laura que me esperava ansiosamente.
-E
ai? – Disse ela curiosa.
-Estamos
bem novamente.
-Eu
sabia que um dia vocês estariam como antes.
-Até
que enfim, como antes. – Pensei alto.
-Ingrid,
você pode ficar com o meu carro por hoje, para a reunião.
-Mas
você não vai precisar dele para ir embora não?
-Não,
o Marcio vira me buscar.
-Ah
sim, se for assim, tudo bem, obrigada.
-Que
nada Ingrid.
Eu
estava em uma colina, estonteantemente verde, fazia sol, um céu de um azul
translucido, e havia uma pessoa com cabelos nos ombros ao longe, embaixo e uma
arvore, parecia ser uma macieira com muitos frutos. Fui chegando cada vez mais
perto, era um homem, ele vestia uma blusa azul clara e calça de cor branca e
estranhamente estava descalço.
Ele
se virou e com um lindo sorriso abriu os braços para mim, como se me chamasse,
eu fui.
-Eu
não estou entendendo, o senhor seria?
-Não
é para entender minha filha. Eu sou o que você jamais imaginou um dia conhecer.
-O
senhor parece ser mais novo que eu, como eu poderia ser sua filha? - Disse eu
ironizando – E você seria quem, Jesus?
-Não
é necessário que eu seja mais ovo ou mais velho, eu posso ser a forma que for
necessária ser, em cada momento, e na
verdade muitas pessoas preferem me chamar de pai ou Deus, há outras línguas
também.
-Mas
como isso é possível? – Eu falei soletrando cada palavra lentamente. – Eu...
Morri?
-Ainda
não minha filha, mas esta quase em sua hora, infelizmente.
-Como
assim? Eu não posso simplesmente abandonar minha filha.
-Aquiete-se
menina, tudo dará certo, é só você fazer como sempre fez em todos esses anos,
tenha fé e acredite em mim, em seu salvador.
-Eu
sei, mas meu Deus, como eu posso abandonar a Luciana?
-Você
não ira abandonar, ela conseguira superar tudo, tenho certeza, acredite em mim.
– Disse ele estendendo a mão para mim, eu a segurei e tudo ficou branco, como
se eu olhasse para o sol durante muito tempo.
Continuação em: Perda
Por: Mariane Alfradique
4 comentários:
SEGUINDO SEU BLOG, SIGA O MEU LA DESDE JA AGRADEÇO
http://playcomputadores.blogspot.com/
Mas poxa vida, que texto empolgante e lindo.
Gostei do Blog e do jeito que escreve. Poetisa dos eloquentes. (:
Obrigada e volte sempre que puder ! :))
Belo texto, super lindo. Parabéns, continue escrevendo coisas tão simples e belas como essa. Beijos. http://metapopcristo.blogspot.com/
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Obrigada pelo comentário :))