Eu olhava ao meu redor, nada era como antes, estar ali
sozinha era a melhor coisa que decidi fazer nos últimos três anos. Minha vida
está uma bagunça, daquelas que não tem como se resolver, nada estava no seu
lugar, cada mínimo detalhe da minha história estava comprometida e prestes a
sucumbir a qualquer momento. Desde que meus pais se separam quando eu era menor
tudo mudou, acho que foi ai que eu fui piorando, mas não posso simplesmente
culpa-los por eu ser uma idiota hipócrita, sinceramente eu não presto e nunca
tive muitos amigos, sempre fiquei isolada em casa, estudando ou lendo livros tão
imbecis quanto a mim. Não sei o que vou fazer agora, meus amigos se foram,
minha família não me telefona, não me dou bem com a minha mãe e acima de tudo
eu o perdi por um capricho estupido, mais um dos meus piores caprichos foi
dizer a ele que eu queria algo melhor que ele, que eu nunca o amara de verdade
para aceitar seus defeitos ou qualquer coisa que ele fizesse de errado, sempre
fui o tipo de pessoa que não leva desaforo para casa, que julga demais, ouve de
menos e quando me julgam eu apenas falo um “Foda-se” bem alto e a pessoa me
deixa em paz. Queria que alguém se preocupasse com as minhas escolhas errantes,
meus caprichos exagerados, minhas mentiras que até uma criança sabia que não
era verdade, com o meu excesso de verdade
quando eu bem entendia, que ela virasse e me desse um belo esporro ou um
simples e forte tapa na cara para eu acordar para a vida. Agora eu tenho meu
emprego, com um bom salario, com pessoas medíocres e ignorantes, alienadas para
as coisas importantes do dia a dia. Minha mãe vive me perguntando se eu estou
feliz e eu sempre digo que sim, mas sei que tem diferença entre estar feliz e ser
feliz, mas isso não tem muito valor para mim. Percebi que não é o mundo que
precisa ter uma solução imediata e sim as pessoas estupidas que vivem nele.
Sinto que eu estou desaparecendo aos poucos, minha identidade está sumindo, sei
que estou mudando e é isso que eu preciso. Eu só vinha pedindo a Deus para que
me ajudasse, mas parecia que não estava funcionando muito bem, talvez eu
realmente não fosse digna de ser ouvida por Ele. Meu telefone tocava.
-Alô? – disse eu com pouca paciência.
-Ester eu preciso falar com você. – ele estava me ligando, mas não fazia o
menor sentido já que ele disse que jamais me procuraria novamente.
-O que você quer?
-Pelo visto continua a mesma cheia de rancor...
-É só isso? Se for tchau. – desliguei o telefone sem pensar duas vezes, em
menos de cinco minutos ele já estava tocando novamente. –Que foi Thiago?
-Eu preciso falar com você hoje... Onde você está?
-No lugar de sempre – um filme de nós dois passou por minha cabeça, lágrimas
escorriam em minha face.
-Já estarei ai logo – dessa vez ele desligou sem pensar, de fato é ruim ter o
telefone desligado sem mais nem menos.
Sentei no campo que havia ali perto, recostando em uma grande arvore. Lentamente
fechei meus olhos, minha mente estava voltada para meus problemas que eu
precisaria resolver logo. Já deviam ser quase seis da noite, pois o sol estava
quase se pondo entre as montanhas, fechei meus olhos novamente e ali adormeci.
-Ester? – disse uma voz grave e séria.
-Oi. – abri os olhos lentamente.
-Quero saber o porquê que a gente não deu certo. – ele se sentou ao meu lado
recostando-se também na arvore.
-Porque a pergunta hoje, depois de tanto tempo?
-Eu só preciso saber... Queria saber se eu fui um mal namorado, ou se eu sou
realmente ruim.
-Não... Não fale isso – coloquei meu indicador sobre sua boca – Você não era um
namorado ruim... – hesitei em confirmar aquilo que eu já sabia – Eu é que
sempre fui uma... Má pessoa. Eu te amei entende?
-Entendo... E não ama mais?
-Amo sim.
-Então porque me mandou embora?
-Eu disse que não queria você
aqui, mandei você ir embora... – olhei para o chão sem jeito - E eu queria que
mesmo assim que você não fosse!
-Não entendo.
-Não tente... Nem eu me entendo... – meus olhos estavam cheios de lágrimas e
havia um nó em minha garganta que machucava – Eu sei que sou uma idiota, faço
tudo errado, absolutamente tudo... Eu preciso dar um jeito em tudo, mas eu
estou sozinha e não estou conseguindo, estou me sentindo de mãos e pés atados. Não
sei mais o que fazer sabe? Eu vivo julgando as pessoas e elas me julgam também,
mas acho que não sou tão ruim assim... Acho que posso mudar, ser uma pessoa
melhor, talvez fosse melhor para mim...
Para todo mundo.
-Eu entendo... Veja aquilo – disse ele admirado olhando o por do sol – Não me
recordava que aqui era tão lindo...
-Eu sei que é, por isso sempre venho aqui quando estou mal.
-Aqui é bem parecido com você sabia?
-Como assim?
-É absolutamente lindo, longe de tudo e de todos, quando você menos espera há
coisas maravilhosas acontecendo, mas aqui é inalcançável para muitos, é confuso e bonito ao mesmo tempo... Você é
exatamente assim. – eu não segurei as lágrimas e foi inevitável não chorar – Não
chore Ester... Eu vou estar aqui – aquelas palavras pareceram serem forçadas e difíceis
quando ele falou – Eu ainda te amo, mesmo depois de tudo que passamos eu ainda
me sinto ligado a você. Talvez eu seja um idiota por querer voltar com você depois
de tudo que me fez, mas é isso que eu quero, não aguento e não posso ficar
longe de você.
-Me perdoe? Por eu ter sido uma idiota completa? Eu sei que sempre fui assim,
mas posso mudar se você me ajudar... Por favor?
Ele não disse nada, apenas se aproximou e me beijou delicadamente, assim como
fazia no fim de nossas brigas.
-Eu te perdoo. Não vamos mais falar sobre isso está bem? Vou te ajudar a se
reerguer e seguiremos em frente, juntos e fortes.
A partir daquele dia eu aprendi que no amor e com Deus tudo
podemos. Não há nada, nem problemas, nem todas as coisas ruins do mundo que
possam superar o amor de Deus. Agora estamos bem, nós três... Eu, Thiago e
acima de tudo Ele. Eu mudei depois daquele dia, meus amigos e minha família dizem
que a melhor coisa que fiz foi voltar com ele e com Ele !
Por: Mariane Alfradique
1 comentários:
Seguindo
Podendo dá uma moral e segue de volta
Gustavo do http://alinefans.blogspot.com/
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Obrigada pelo comentário :))