19 de out. de 2011

- Death.


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Eu sei que um dia desses seria inevitável vê-lo novamente, eu estava no centro do Rio para fazer inscrição para mais uma faculdade, talvez eu soubesse que ele não me amava mais ou que teria encontrado outra pessoa melhor que eu, que o ame do jeito certo, que o ame do jeito que eu nunca amaria. A praça XV estava lotada como de costume na hora do rush, eu estava com meu guarda-chuva transparente e enquanto ninguém andava eu observava a chuva acima do meu "protetor", aos poucos percebi que era uma das únicas ali, já que havia ficado horas pensando em tudo que passei até a chegada de hoje, minha vida sempre foi conturbada, não em relação a minha família, mas em relação a ele. Apressei meus passos quando a chuva começou a cair ainda mais rápido, quando fui até o caixa comprar a passagem para as barcas, ele estava no caixa ao lado, isso fez-me dar um pulo para trás... Tudo que passamos foi em vão, o amor que eu tinha para ele nunca foi o suficiente, eu não aguentava mais ama-lo e ter que acabar tudo por seus caprichos. Bernardo me olhou de rabo de olho e se virou para a balconista pedindo sua passagem, passou por mim com os lábios esbranquiçados como se houvesse visto um fantasma que o assombrava em noites escuras e frias de inverno. Eu sempre soube que ele não iria falar comigo, que faria isso, mas aquilo me machucou e fez com que eu me sentisse mal, entrei nas barcas com os olhos cheios de lágrimas e meu rosto provavelmente estava vermelho já que eu sou bastante branca. Passei na sua frente, já que ele estava em um dos bancos no centro da barca, ele me encarou e eu apenas desviei meu olhar, vi que ele pôs a mão em sua nuca, como sempre fazia se estivesse preocupado com alguma coisa séria, deu vontade de ir até ele e oferecer ajuda, mas eu sabia que ele me ignoraria. Fui para o fim do barco e sentei ali com a cabeça recostada no vidro da janela que estava gelada, pingos grossos caiam constantemente, o dia estava triste e deprimente como eu. Esses foram os vinte minutos mais longos da minha vida, sem saber se era melhor ir até ele ou sofrer calada. A barca atracou por fim, agora apenas chuviscava, ao sair de lá eu olhava por todos os lados procurando-o sem ter o menor sucesso, lágrimas escorriam em minha face, pessoas me olhavam curiosas, apenas fui a praça que há em frente ao Plazzar, sente no banco molhado e ali fiquei, recostei meus cotovelos em meus joelhos e minha cabeça sobre minhas mãos, ali mesmo desabei em prantos por sentir falta de tudo que tínhamos e pusemos a perda.
-Acho que se ficar ai vai ficar doente... – disse ele com um tom gentil e tranquilo.
-Vou ficar bem, acredite. – ao ver que era Bernardo meu coração acelerou e fiquei sem saber o que falar ao certo – Vá embora... Por favor, não piore as coisas.
-Mas eu só quero te ajudar – disse pondo a mão na nuca – Eu sei que fui um idiota, mas não posso ao menos ajudar uma amiga?
-Não. Não sou sua amiga – mesmo que ele fosse gentil eu não me dei por vencida – Sou a pessoa que mais te amou, de um jeito diferente é claro, mas te amou. Sou sua ex-namorada que faria de tudo para não ser ex e sim ser a mulher que você se sonha em casar um dia, ter sua família, nossa família.
-Mas você é isso tudo.
-Não. Não sou.
-É sim Deh. Quando terminamos foi difícil, não só para mim. Eu te ignorei mais cedo porque queria fugir do que sinto, do amor que sinto por você. Sabia que é difícil ser o culpado pelo termino da  própria felicidade? Eu sonhava contido todos os dias, nós dois juntos, você me desculpava e dizia que me ama ainda, que tudo que fiz acabou fazendo nos tornar mais fortes e que nada nem ninguém vai conseguir nos separar.
-Não posso fazer isso...
-Porque não? –disse sentando-se ao meu lado – Você me ama ainda certo?
-Amo. Mas acho que nunca vai ser suficiente para você.
-Você está enganada. Há dez meses você me disse que eu nunca mudaria, que seria sozinho para sempre. Mas para mudar eu preciso de você... De verdade.
-Acho que não vai dar certo.
-Venha... Vou te levar em casa – ele fez o sinal para um taxi que passava e sentamos no banco de trás, o taxista fez uma cara de não satisfeito já que estávamos molhados – Deh... Me perdoe? Por favor?
-Eu já perdoei... Juro.
-Mas não é o suficiente... – ele pareceu pensar se iria falar algo que estava na ponta de sua língua – Volta comigo?
-Eu... Eu não sei Bê – ele se aproximou e me deu um beijo que não recebia desde que terminamos, seus lábios estavam quentes e senti seu coração acelerar quando repousei minha mão sobre seu peito – Não podemos fazer isso – falei me afastando.
-Podemos sim... Eu te amo Deh.
Senti um calafrio em minha barriga, Bernardo nunca havia dito que me ama, ele tinha alguns motivos para isso e eu o entendia.
-Tem certeza que ama?
-Eu te disse que só diria quando tivesse certeza... Eu te amo.

Por fim acabamos voltando, cerca de um mês depois Bernardo me contou que estava com sopro no coração e quando menos esperava ele já estava internado, isso acabou comigo. Cerca de dois meses depois ele veio a falecer, meu mundo caiu, desabei e me isolei de todos, minha felicidade acabou, assim como a minha vida... Preciso contar a verdade a vocês, depois de tudo que passei com Bernardo tirei minha vida três meses depois de sua morte, morava em um prédio e isso foi-me tão convidativo e o fiz, não aguentaria continuar sem ele... Ah... Prazer meu nome é Death.



1 comentários:

Anderson J. Silva disse...

Você escreve muito bem!
parabéns!

comenta la? http://errosxacertos.blogspot.com/

to te seguindo

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Obrigada pelo comentário :))