5 de nov. de 2011

- Desespero.



-De alguma forma eu sabia que ele me observava ao longe, eu também sabia que ele ainda me amava, e mesmo que eu não quisesse ele iria continuar atrás de mim, isso me assustava, não sei ao certo o que ele é capaz de fazer... Não sei se devo fugir ou apenas fingir que nunca o vejo atrás de mim... Pelo canto do olho o vi se aproximando de mim, lentamente... Meu coração estava mais rápido... Passo após passo... Ele ficou ao meu lado e sorriu.
-Pois bem... Não adianta fugir de mim Elisa – sua voz era tensa e forte.-Não estou fugindo – disse rapidamente e com medo.
-Você sabe que não vou te deixar em paz... Então porque foge? Pode acabar acontecendo coisas ruins – algo me dizia que aquilo era uma ameaça.
-O que é isso? Está maluco? Você não pode me ameaçar Carlos... Pode ser pior para você e não para mim – ia me afastando lentamente e ele ia se aproximando como um imã.
-Tudo bem Elis... Vou... Dessa vez.
Carlos se distanciou e sumiu em meio a multidão, já de noite ele me ligava continuamente dizendo que iria me matar e isso me deixava apavorada já que eu morava sozinha. Minha vida ia de mal a pior, no emprego as coisas só pioravam, havia brigas... Na minha família a maior parte dos casais estavam se separando, todos corriam até a mim para saber o que deveriam fazer de suas vidas, eu os ajudava, apoiava, mas na minha própria eu não sabia o que fazer...
Uma noite – meus olhos se encheram de água ao lembrar– Eu acordei e Carlos estava ao meu lado me observando, me assustei e corri para a cozinha, antes que chegasse lá ele me puxou pego braço e vi que ele tinha uma arma em suas mãos isso me levou ao desespero... Ele bateu com ela em minha testa, o local latejava, havia uma forte dor de cabeça, eu gritei, mas eu conhecia meus vizinhos bem pouco eles não se preocupariam... Eu estava no chão com a mão sobre minha testa e ela sangrava, eu sentia o cheio de ferro de meu sangue que escorria em minha bochecha... Ele dizia que aquilo era para eu aprender a me comportar como sua mulher... Eu respondi que não era dele e que jamais seria, foi pior... Ele abusou de mim... Nossa... Me senti tão suja e desesperada que... – foi impossível não chorar, as lágrimas saiam como se servissem para purificação – Quando ele se distraiu na cozinha, corri o mais rápido possível para o quarto ao lado e tranquei a porta, na gaveta havia uma arma em minha escrivaninha, ele batia tentando arrombar a porta, peguei a arma e a carreguei rapidamente.    Me escondi dentro do armário,a porta era de persiana, o que dava para vê-lo quando trancada... Ele arrombou a porta e entrou no quarto... Atirou na cama, achando que eu estivesse de baixo dela, tampei minha boca para que eu não gritasse, ele continuava a procurar... Mirei a arma, minha mão tremia... E quando ele chegou perto de onde eu estava foi instinto sabe? Eu atirei sem pensar... Ele já havia me feito muito mal... Fiquei ali em estado de choque até que vocês chegaram.
 

-Então quer dizer que foi por legitima defesa? – perguntou a juíza.
-Eu jamais faria mal a uma pessoa... Mas... – chorei descontroladamente.
-Desculpe meritíssima, minha cliente está muito abalada.
-Está bem... O julgamento será em dois dias. – exclamou a juíza.



Minha vida virou do avesso, por mais que eu tivesse o matado, uma sensação de paz pairava em meu corpo. Fui absolvida por ter apenas me defendido... Eu não queria feri-lo... Mas naquele momento só pensei na minha sobreviencia. 



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