9 de set. de 2011

~ Desistência.


-Sophia... – Ela gritava tentando abrir a porta do quarto e eu insistia em não abrir – Vamos, pare de graça, abra logo isso.
Cinco minutos a abri, com minha maquiagem borrada, nariz e olhos vermelhos.
-O que aconteceu? – Ela me abraçava.
-Não posso fazer isso Luh... Eu não posso. – Meu choro era incessante.
-Vamos, venha cá.
Ela me colocou calmamente sobre um grande sofá que havia ali, tomei todo o cuidado com o vestido de mais pura seda, com pequenos detalhes em dourado.
-Diga, o que está acontecendo menina?
-Eu não posso fazer isso com o Marcos, ele não me ama, assim como eu não o amo, não da maneira correta para se casar.
-Como assim ele não te ama?
-Conhece uma menina chamada Barbara?
-Não.
-Não importa, ele a ama desde que eu fui embora e na verdade não sabe que eu sei disso, um dos empregados dele me contou e sei que é verdade, desde que voltei ele não diz que me ama...
-Não diz?
-Não de verdade... Não olhando em meus olhos.
-Entendo, e preciso te perguntar uma coisa...
-Fala. – Ela limpara minha face o que fez borrar mais a maquiagem, mas do mesmo modo ela me olhava como se eu estivesse exuberante.
-E se o Caio...
-Fique quieta... Eu não quero saber desse...
Nesse instante alguém batera na porta.
-Quem é? – Disse ela.
-Sou eu Luh, tem alguém aqui querendo entrar, posso deixar?
-Espere um momento Sophia, eu já volto.
Ela saiu do quarto fechando a porta com um cuidado maior do que de necessário, apoiei meus cotovelos sobre minhas pernas que não dava para senti-los sobre ela pela grossa camada do vestido, apoiei meu rosto sobre minhas mãos e ali fiquei desligada do que havia em minha volta, a imagem de Marcos não saia de minha mente, ele estaria fazendo por obrigação e não por amor, isso acabava com meus planos de esquecer o Caio com uma pessoa que me ame de verdade, talvez eu devesse mesmo ficar sempre sozinha, ou talvez esse fosse o meu destino ajudar pessoas infelizes a se unirem com mais pessoas infelizes e me tornar a mais infeliz de todas. Até que por um breve momento veio Lurdinha com João em seus braços em minha reflexão, ambos sorrindo e por fim surge Caio ao fundo se aproximando lentamente deles, então os abraça, dão as costas para mim e desaparecem de minha mente. Como eu poderia separar uma família? Que pessoa sem alma, sem coração ou escrúpulos faria isso? Pode ser qualquer uma, mas eu não, nunca fui desse tipo e não vai ser agora que serei.

A porta se abriu lentamente, só soube pelo baixo rangido que fez, não dei o trabalho de me virar para olhar.  Quem chegou apenas ficou atrás de mim, me olhando, dava para sentir seus olhos em minhas costas e em alguns instantes essa pessoa passou uma de suas mãos sobre minha cabeça enquanto dava a volta e ficava frente a frente comigo, ajoelhou-se.
-O que houve Soph? – Ele também estava com olhos vermelhos e de alguma forma transmitiam ternura.
-Não podemos fazer isso... – Mais lagrimas surgiram.
-Podemos sim. – Agora ele também chorava. – Eu te amo. – Disse desviando os olhos para o chão.
-Não como antes. Não posso te fazer feliz. Eu te amo Marcos e muito, a ponto de te deixar partir e ser feliz com Barbara. – Ele me olhara perplexo.
-Quem?
-Barbara.
-Como? – Disse franzindo o cenho.
-Não importa. O importante é que... Mande todos para a festa e peçam que levem seus presentes de volta. – Eu sorria e ele o retribuiu.  
-Tem certeza?
-Absoluta.
-Obrigado. – Ele me olhava com admiração.
-Pelo que?
-Por ser tão maravilhosa assim. É inacreditável como você é tão espetacular.
-Não estou fazendo nada demais.
Ele segurou meu queixo com delicadeza, aproximou nossos rostos e me deu um selinho, o ultimo que teríamos, olhou fundo em meus olhos.
-Eu te amo.
-E eu amo você.
Assim ficamos por um longo tempo ate que outra pessoa batera na porta.
-Agora sou extremamente popular, não aguento mais receber atenção.
-Você é a noiva, tem que ter atenção.
-Não sou mais.
-Vai saber né?
Marcos se levantou, deu um beijo em cada uma de minhas bochechas e saiu. Ao olhar para trás vi que Caio estava na porta, levantei-me rapidamente, ele me olhava fascinado.
-O que faz aqui?
-Te pedir para não se casar. Mas não posso impedir sua felicidade, não posso fazer isso contigo, você o ama... E seja como e com quem for só não quero te perder, não posso deixar de estar ao seu lado, nem ao menos como sem ser seu amigo.
-Cale a boca. – Meus pensamentos estavam a mil por hora.
-Que? Está louca?
-Venha cá... – Ele se aproximou um pouco de mim, ficando cerca de três metros de distancia apenas – E se eu não fosse mais me casar?
-Mas você vai...
-E se eu não fosse? Mudaria alguma coisa?
-Mesmo que você se case já mudou me separei de Lurdes, não posso viver uma mentira com ela por causa de meu filho, eles são situações totalmente diferentes. Eu te amo Sophia e não vim até aqui para te confundir... – Ele pareceu pensar duas vezes antes de falar, agora estávamos face a face, menos de trinta centímetros nos separava, seu olhos havia certo medo e carinho.
– Vá, se case e seja muito feliz... Por mim.
Não sei o que houve comigo, mas eu não tive consciência de meus atos naquele instante, não pude perceber que eu o abraçara e fiquei ali submersa em momentos que havia passado com ele, eu chorava bastante, o que no caso molhou bastante seu belo terno cinza.
-Não chore. – Ele me afastou um pouco – Não podemos ter mais nada... Somos amigos agora, certo? – Seu tom tentava mostrar entusiasmos, que por baixo havia escondido um grande arrependimento de cada palavra dita.
Ele se afastou mais ainda de mim, beijou minha mão e foi saindo do cômodo, quando chegou à porta parou e me olhou fixamente em meus olhos.
-Eu te amo minha pequena. – Virou-se para sair, enquanto ele pensava “Eu tentei até o final, agora é com você meu Deus, se for para ser vai ser!”.
-Caio! – Gritei antes mesmo que ele fechasse a porta, seu olhar era esperançoso.
-Quando você vai entender que vou ser para sempre sua? – Caio sorriu e sua expressão era de duvida, como Deus responderia tão rápido suas preces. Corri rapidamente, meu vestido balançava lentamente e pesava, quando por fim cheguei à sua frente, pulei em seus braços, abraçando-o e beijando-o.
-Eu te amo. – Disse por conclusão.

Por: Mariane Alfradique - Se pegar da créditos.

1 comentários:

Tracy Emmy disse...

Lindo o texto. Emocionante mesmo!

Beeeijos. ;*

www.tracyemmy.com

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