14 de out. de 2011

- A mais linda história.



Estávamos juntos em Parati, morávamos aqui desde pequenos, tomamos açaí pelo menos uma vez na semana juntos, a nossa amizade é enorme e nunca nos separamos, mesmo que a vida pusesse dificuldades nós a ultrapassávamos, mas algo naquele dia me incomodava.
-Eu não entendo você... – disse eu pondo a primeira colher de açaí na boca.
-Como assim Jess? – ele fazia o mesmo.
-Você... Fica com milhares de meninas, namora sempre e acaba terminando... Acabam falando que você é galinha e tudo mais, não sei se vou poder continuar falando contigo, as pessoas podem achar que temos algo.
-E se tivéssemos?
-Mas não temos, somos melhoras amigos, e fica estranho não acha? – franzi o cenho.
-Pode até ser, mas porque o assunto hoje?
-Bom... É que ontem me perguntaram que nós não... Você sabe... E eu falei a verdade e a pessoa riu de mim, dizendo que eu estava mentindo que todos já sabiam que nós temos algo, só que escondemos... Isso me chateou.
-Entendo...
Sentamos em um banco de madeira que é pintado de verde que há na praça, naquela tarde ventava bastante.
-Mas você não gosta de ninguém? Assim poderia namorar e sossegar um pouco. – sorri para tentar disfarçar a seriedade que havia nessa frase.
-Eu gosto... Na verdade, eu amo.
-Então... – meu tom era entusiasmado – Quer que eu te ajude?
-Não Jess, não preciso disso.
-E porque ainda não está com ela?
-Eu não posso.
-Por quê?
-Não sei se ela gosta de mim.
-Poxa Caio, não me venha com historinhas, todas as meninas da faculdade correm atrás de você e simplesmente diz “Não sei se ela gosta de mim” – fiz uma voz grossa ao dizer a ultima frase isso o fez rir – Cara... Você é maravilhoso, um amigo extraordinário, tudo em você é convidativo para que as pessoas gostem de você, e sabe muito bem que eu posso te ajudar e nenhuma mulher difícil pode resistir aos seus encantos – disso brincando.
-Não é bem assim. Eu nunca tentei nada com ela.
-Se não tentou já está na hora senhor eu tenho medo de mulheres agora.
-Não está não. – seu tom sério me deixou sem graça e deixei o silêncio permanecer por um tempo.
-Tá... Me conte com ela é... – ao ouvir isso ele revirou os olhos.
-Quer saber mesmo? – concordei – Ela é uma pessoa  fantástica, cheia de qualidades e é claro que é linda, ah.. É cheia de manias estranhas também, é uma fofa, sempre que dá me liga perguntando se estou bem ou se preciso de ajuda com alguma coisa, me irrita bastante, assim como eu ela adora musicas eletrônicas, é viciada em chocolate e açaí, tem dia que ela está insuportável por sua famosa TPM, curiosa ao extremo, sempre me dá conselhos fantásticos e que já mudaram minha vida pela decisão que ela me ajudou a tomar, ela ri quando eu pago mico ou simplesmente tropeço na rua e além de tudo ela me faz sentir o melhor cara do mundo quando estamos juntos, é fácil... Eu nunca viveria sem ela.
-Nossa ela é incrível.
-Eu sei. E sabe o que é mais incrível?
-O que? – eu estava maravilhada e ansiosa para conhecê-la.
-Ela é a minha melhor amiga de infância.
Meu rosto corou instantaneamente.
-Como assim Caio?
-É isso... Eu te amo Jess.
-Sério? – minha voz falhou.
-Seríssimo. Posso te perguntar duas coisas?
-Depois disso... Pergunte.
-Bom... – ele riu – Você está vermelha.
-Isso não foi uma surpresa e nem uma pergunta.
-Tá... Você vai mudar comigo?
-Porque eu mudaria?
-Porque acho que isso seria o certo se fossemos namorados.
-Mas não somos.
Ele riu novamente, limpou um pouco de açaí que havia no canto de minha boca, me deu um breve selinho que foi a melhor coisa que já ocorreu em minha vida.
-E agora?
-O quê?
-Namora comigo?
Ocorreu um frio em minha barriga, jamais imaginaria que ele pedisse algo do tipo.
-Jess... Me responde.
-Sim. – sorri.
-Sim vai me responder?
-Sim eu namoro com você.
Aquele dia marcou nossas vidas, namorar, noivar e casar com ele era meu sonho desde pequena, mas já havia sido deixado para trás antes daquilo tudo...
-Sério mamãe? – sua voz era doce e tranquila e um pouco sonolenta.
-Sim filha... Agora vamos dormir? – disse puxando sua coberta até a altura de seus ombros e dando um beijo em sua testa. – O papai vai chegar logo, depois peço para ele vir aqui está bem?
-Sim... Boa noite mãe.
-Boa noite filha. – disse já recostando a porta.
-Mamãe... – sua voz era um pouco mais alta e ouvi passos leves pelo corredor até que ela abraçasse minha perna e olhasse para mim espantada.
-Oi minha linda.
-Posso dormir com vocês... Só hoje. – seu tom era melancólico e era impossível não aceitar tal pedido.
-Tudo bem... – disse pegando-a em meu colo – Mas só hoje tá?
-Tudo bem mãe.
Deitamos juntas, ela abraçada a mim fiz carinho em seu cabelo até ela estar quase dormindo, assim como eu. Quando estava quase dormindo foi inesquecível ouvir aquilo.
-Eu te amo mamãe... Durma com Deus.
Dormimos assim juntas e espero poder repetir isso muitas vezes, até quando ela for grande e unida aos meus netos.  


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