20 de set. de 2011

- A última conversa




”[…] Andava, com as pernas trêmulas, pelas as ruas. Não imaginava o quão tenso seria vê-lo de novo, frente a frente; sentir o seu cheiro, olhar para a tua boca e para os teus olhos esverdeados, parecia tortura — na verdade, era. […] Respirou fundo e dobrou a esquina lentamente; não foi difícil avistá-lo, se entreolharam, mas ela abaixou a cabeça — estava com medo — permaneceu firme por fora, mas totalmente acabada por dentro; aproximava-se cada vez mais e então ouviu:
— Oi. — tão frio, nem parecia ele. 
— O-ô-lá — gaguejou, estava tão nervosa, ela nem estava acreditando.
— Não precisa ficar nervosa, sou eu, lembra? É complicado para mim também, mas a gente precisava… 
— Não estou nervosa! — ergueu a cabeça.
— Hm, se você está dizendo… Mas então, como andas? 
— Bem. — (Bem mal, seu idiota. Na verdade, eu não ando, eu me rastejo… Estou tentando sobreviver, porque sem você não está fácil.)
— Caso queira saber, também estou bem. — (Não estou bem, estou mal para caralho, desculpe.)
— Ah-h-h — suspirou — Ótimo. — (Ótimo nada, você conseguindo seguir em frente e eu aqui…) — Por que estamos tendo essa conversa mesmo? 
— Para deixar tudo em pratos limpos — (Na verdade, só queria vê-la pela última vez, meu amor.)
— Ah sim… Bom, a gente precisava não é? — (Ou não.)
— Você quis, eu quis… — (Desculpe não ter sido forte o suficiente para enfrentar esse obstáculo.)
— Acho que-que-que… Bem, vou embora, tenho que estudar, e ajudar a minha mãe nas tarefas de casa. — (Me pede para ficar, diz que me ama, eu posso ficar, é tudo uma desculpa, anjo.)
— Tudo bem, acho que já estava tudo em pratos limpos, talvez tenhamos vindo aqui à toa. — (Não quero que você vá…)
— Então, ok. Adeus, Gabriel. — foram as últimas palavras que ele ouviu de sua boca. 
— Adeus, Mariana. — seus olhos lacrimejavam.
Doeu. Ah… Como doeu. Mas ela permaneceu firme. Disfarçadamente, deu a última olhada para o rosto do seu amado, e se virou…
— Eu te amo, e sempre vou amar. — sussurou.
Ele continuou a olhá-la. Ela estava indo embora, para sempre. 
— Você será sempre minha, meu amor. — então, uma lágrima escorreu e logo após vieram muitas. 
Era o fim. Depois do “olá”, do “eu te amo”, chegou a hora do “adeus”. Eles não queriam, eles se amavam, ainda, só não sabiam. Eles sofreram sem precisar, e se lamentavam, a cada dia, por não terem sido fortes o suficiente para superar aquele obstáculo. Não existia mais o “nós” e nem o “a gente”; É… era o fim.”


Y.Completa Imperfeita

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